As associações e entidades do Oeste da Bahia veem com surpresa a divulgação realizada pela diretora de Sustentabilidade da Cargill que divulgou que a empresa investirá R$ 30 milhões para “encontrar soluções que ajudem a proteger a terra do Brasil ao mesmo tempo em que proporcionem oportunidades econômicas aos agricultores e às comunidades”, ignorando o fato de que as entidades do Oeste da Bahia investiram mais de 15 milhões de reais nos últimos anos em projetos que buscam a proteção do meio ambiente, notadamente, do bioma cerrado.
Diante dos muitos projetos e com resultados diretos na preservação ambiental, entendemos que a Cargill deveria tomar conhecimento dos trabalhos já existente sobre o tema ambiental executados no Oeste da Bahia, e poderia disponibilizar os recursos prometidos para se somar aos esforços feito pelos produtores baianos na recuperação de nascentes e preservação dos rios das Áreas de Preservação Permanentes (APPs) e Reservas Legais. Segundo dados da Embrapa, os agricultores do cerrado baiano são um exemplo a ser seguido já que preservaram 35% das suas propriedades rurais a um custo de R$ 11 bilhões do próprio bolso ao fazerem o que regulamenta o Código Florestal e ao incorporarem os critérios de sustentabilidade na cadeia produtiva.
Com áreas planas, próprias para mecanização, e duas estações de chuvas bem definidas, o Cerrado da região do MATOPIBA (fronteira agrícola que abrange os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) possui uma enorme aptidão para a agricultura, contudo, cumpre-nos destacar que o volume da produção desta região vem aumentando nos últimos anos em razão da conquista de maiores índices de produtividade e não pelo aumento de área. Tais resultados alcançados se devem à competência do produtor e o investimento em tecnologias aplicadas ao plantio.
Não se pode deixar de mencionar como o aproveitamento racional do cerrado trouxe e ainda traz grande desenvolvimento para a região. Nada melhor para representar a melhoria na qualidade de vida da população, trazido unicamente pelo avanço que a agricultura trouxe para a região, do que município de Luís Eduardo Magalhães. Há cerca de 25 anos, o município se resumia a um posto de gasolina no meio do cerrado e se transformou em uma cidade de mais de 90 mil habitantes, com o terceiro IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] da Bahia e maior arrecadação de impostos da região com uma renda per capita, de mais de R$ 55.000,00 em 2015, tudo isso em razão dos ganhos gerados pela agricultura e pelo alto índice de ocupação desta atividade econômica em todo o município, que atualmente utiliza mais de 60% de seu território com a atividade da agricultura.
Os dados são da Superintendência de Estudos Econômicos (SEI) da Bahia, que também mostram que municípios com a agricultura pouco tecnificada e desenvolvida, com 5% a 6 % de destinação da sua área para a agricultura, não chegam a atingir uma renda média per capita de R$ 7.000,00, o que traz como resultado uma maior dependência de sua população aos programas sociais dos governos.
Diante do pouco aqui exposto, convidamos os responsáveis pelos programas de sustentabilidade, ambiental e social da empresa Cargill para conhecerem de perto os projetos nestas áreas desenvolvidos e executados pelas entidades de agricultores da região, notadamente aqueles projetos da Associação dos Irrigantes da Bahia (“AIBA”), Associação Baiana dos Produtores de Algodão (“ABAPA”) e Sindicatos dos Produtores Rurais.
Convidamos também para que visitas às cidades da região sejam realizadas para que seja verificada a realidade socioeconômica do Oeste da Bahia, proporcionando decisões mais assertivas a serem tomadas para o equilíbrio ambiental, atrelado ao desenvolvimento econômico e social dos municípios que compõem o oeste baiano, bem como o MATOPIBA.
Ressaltamos que AIBA, ABAPA e Sindicatos Rurais apoiam o ingresso empresas ou entidades do terceiro setor que queiram participar de seus projetos ambientais, razão pela qual reforçamos o convite feito à Cargill para somar seus esforços e investimentos aos projetos executados pela AIBA, ABAPA e Sindicatos Rurais.
Salientamos mais uma vez que o agricultor vem cumprindo a legislação ambiental brasileira, tendo, portanto, o mesmo direito em usufruir do permitido por está mesma legislação.
Barreiras, Bahia, 18 de junho de 2019
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