Técnicos do programa fitossanitário da Bahia defendem área de refúgio superior à recomendada pelas empresas

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divA eficiência de variedades transgênicas no combate ao ataque de pragas tem sido menor do que os produtores esperavam. As empresas atribuem essa menor eficiência aos casos em que os produtores não fazem o refúgio conforme o recomendado, mas especialistas divergem sobre o tamanho ideal dessa área de refúgio. No oeste baiano, técnicos que fazem parte do Programa Fitossanitário do Estado defendem o plantio da área de refúgio em um percentual superior ao sugerido pelas empresas que produzem sementes transgênicas.

A safra 2013 foi para Roni Reimann, produtor na cidade de Luis Eduardo Magalhães, a pior da história por causa da Helicoverpa armígera, lagarta até então desconhecida do agricultor brasileiro. A praga quase fez o agricultor desistir de plantar algodão já que o custo com aplicações de inseticidas para controlar a lagarta chegou a quase R$ 8.000,00 por hectare. O algodão colhido rendeu quase a metade deste valor. Só no Estado da Bahia, sem contar outras regiões produtoras, a helicoverpa causou mais de R$ 2 bilhões em prejuízos. Roni conta que não dá para baixar a guarda.

“Já notamos que a helicoverpa pode estar sobre controle agora e daqui quatro ou cinco dias ter um estouro populacional. Infelizmente não dá para baixar a guarda até o dia em que você colhe”, diz.

Buscando alternativas, muitos produtores adotaram a tecnologia “Bt”, geneticamente modificada e resistente a pragas. Mas, para que ela funcione, é preciso adotar a chamada área de refúgio.

“ O refúgio é fundamental para produção de mariposas não resistentes a esta tecnologia que vão se acasalar com as mariposas que se por acaso forem selecionadas dentro da área da cultura Bt, que mantendo a não resistência dos insetos”,  afirma Sergio Abud, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

A multinascional Monsanto, empresa que detem a tecnologia, recomenda uma área que varia entre 5% a 20%.   A discussão ganhou força em maio do ano passado quando 10 pesquisadores brasileiros e um australiano redefiniram o conceito de refúgio. para milho e algodão 20% no mínimo e para soja pelo menos 50% de refúgio.

Na próxima quinta, dia 5, os produtores têm uma reunião em Brasília na Câmara Setorial do Algodão e uma portaria deve ser elaborada definindo a questão.

“ Estamos tentando convencer algumas lideranças nacionais, dentre eles o próprio ministro da Agricultura, de que isto é importante. É uma questão de segurança alimentar, segurança nacional preservar estas proteínas Bt. Se formos irresponsáveis e não preservar, se seguirmos a recomendação que hoje a Monsanto está fazendo contrariando toda classe profissional, o Brasil daqui quatro anos não vai ter nenhuma proteína Bt eficiente”, afirma Celito Breda, coordenador técnico do programa Fitossanitário da Bahia.

Fonte: Canal Rural
Foto: Divulgação Abapa

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