Problemas climáticos e taxa de câmbio contribuem para aumentos registrados

O documento apontou alta no preço doméstico (em reais) de todos os produtos acompanhados, com exceção da batata, na comparação entre o primeiro semestre deste ano e de 2020: soja (78%), milho (77%), trigo (40%), algodão (75%) e arroz (55%).

“As altas de preços agropecuários no Brasil resultaram de uma combinação de fatores como a crise hidrológica, as significativas altas de preços internacionais e desvalorização cambial”, avaliou o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, José Ronaldo Castro de Souza Júnior, um dos autores da nota.
Os preços do principal produto do agronegócio brasileiro, a soja, seguiram em alta no país impulsionados pela valorização dos prêmios de exportação e pela manutenção da alta demanda externa pelo produto. A confirmação da quebra de safra de soja na Argentina e os baixos estoques brasileiro e norte-americano elevaram o preço em 1,9% no segundo trimestre deste ano em comparação com o trimestre anterior. Há expectativa de manutenção das exportações do grão e derivados, principalmente do farelo, diante da restrição da oferta na Argentina.

O café arábica, espécie mais produzida no país, encerrou o segundo trimestre de 2021 com alta de 17,5% nos preços na comparação com o trimestre anterior, impulsionado pela estimativa da quebra na safra brasileira 2021-2022. Segundo o Cepea, há expectativa de oscilação em patamares elevados dos preços domésticos do produto no restante do ano. No mercado internacional, a demanda por café dentro do domicílio mais do que compensou a redução no consumo fora de casa provocada pela pandemia. Para o segundo semestre, os preços devem se manter em patamares superiores aos de 2020, reflexo do aumento da demanda e da abertura de bares e cafés.
Com relação às carnes, há um movimento de substituição entre as proteínas animais, em parte, por questões sanitárias e, em parte, pela busca de proteínas mais baratas. Entre o primeiro e o segundo trimestre de 2021, houve alta no preço das proteínas: boi gordo (4,9%), carne suína (2,9%) e carne de frango (10,9%). Os preços do boi gordo devem se manter em patamares elevados até o final do ano, dependendo do comportamento da demanda doméstica. No caso dos suínos, a baixa disponibilidade do milho – importante insumo da suinocultura e que afeta diretamente o custo da ração animal-, deve contribuir para a alta dos preços tanto do suíno vivo quanto da carne, no terceiro trimestre de 2021. No caso da carne de frango, o retorno das aulas presenciais em boa parte do país deve contribuir para o aumento da demanda, por conta da composição da merenda escolar. Há perspectiva de elevação no preço do frango abatido no atacado no terceiro trimestre deste ano.
Fonte: Ipea
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