A resistência de pragas tem sido um dos grandes entraves em programas de Manejo Integrado de Pragas (MIP) em diversas culturas no Brasil e no mundo, para discutir e rever as recomendações que retardem a resistência, principalmente das tecnologias Bt, na região oeste da Bahia, produtores, pesquisadores, consultores, líderes das entidades do agronegócio da região, representantes de multinacionais, do governo estadual e federal, se reuniram, entre os dias 30 e 31, para o Fórum do Programa Fitossanitário da Bahia, em Luís Eduardo Magalhães.
Organizado pela Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) e Fundação Bahia, através do Programa Fitossanitário da Bahia, o evento teve como tema principal, A Determinação das áreas de Refúgio Estruturado – Propostas para o Oeste da Bahia, e contou com a coordenação dos pesquisadores Celso Omoto, da Esalq-USP e Silvana Paula-Moraes, da Embrapa.
Para o presidente da Abapa, Celestino Zanella, essas discussões são pontos positivos para o crescimento da cadeia produtiva na região. “Estamos aqui mais uma vez para conversar sobre as pragas. É um assunto extremamente delicado, quando achamos que descobrimos um jeito de fazermos o controle mais adequado, vem uma nova situação. É importante estamos aqui para discutir novas alternativas, e tenho certeza, isso vai aumentar o conhecimento individual de cada um, é um processo, é gradativo e sem dúvida, demos mais um passo para o sucesso em produzir alimentos e fibras”, disse Zanella.
Durante o Fórum, as recomendações feitas pelo Comitê Brasileiro de Ação à Resistência de Inseticidas (IRAC-BR), foram citadas como referência. “Precisamos que todos falem a mesma linguagem, estamos buscando um consenso na região oeste da Bahia. Para preservar essas tecnologias, o refugio é um dos componentes mais importantes, mas no contexto da região, precisamos considerar também outras estratégias em dentro do Manejo Integrado de Pragas (MIP)”, enfatizou o pesquisador Celso Omoto.
A pesquisadora da Embrapa, Silvana Paula-Moraes, também enfatizou outros componentes importantes, além da área de refúgio. “Nós temos que ter o entendimento de Manejo de Resistência de Insetos (MRI). O conceito do Programa de MRI é muito mais amplo, trazendo para a realidade da Bahia, é preciso entender a questão das pragas, as espécies que são alvos da tecnologia, a questão de migração, o número de gerações, e vários outras informações sobre o que ocorre na região. Já temos hoje o sistema de monitoramento de armadilha luminosa. Em parceria com a Abapa, já temos tentado fazer esse levantamento para aprimorar as recomendações dentro do Programa de Manejo”, enfatizou Silvana.
Reunião do grupo técnico do Programa Fitossanitário – O Fórum foi dividido em dois dias. No dia 30, aconteceu uma reunião do grupo técnico do Programa Fitossanitário, pesquisadores, e representantes da Abapa, Fundação Bahia e Aiba, e entomologistas das empresas Bayer, Monsanto, Syngenta, Dow, Pioneer, Dupont e consultores da região
Durante essa reunião, todos tiveram a oportunidade de expor o posicionamento das empresas representadas, sobre a porcentagem recomendada para adoção da área de refúgio. O coordenador técnico do Programa, e engenheiro agrônomo, Celito Breda, ressaltou sobre a importância de estabelecer estratégias adequadas e operantes para a manutenção por maior tempo possível das Proteinas Bt. “Sem dúvida nenhuma, o Refúgio Estruturado é uma das principais ferramentas para isso. Se a nossa decisão não for a mais adequada, diante da alta pressão de pragas e de seleção, certamente iremos antecipar a perda de eficácia de todas as proteínas na região e no Brasil”, disse Breda, que também alertou. “Se isso acontecer ficará muito difícil para a região oeste, a mais alta em incidência de lagartas do Brasil. Perderemos a competitividade. O algodão será a cultura que mais será afetará pelas perdas desta tecnologia”, enfatizou o coordenador.
No dia 31, a discussão foi colocada ao publico geral, contando com a presença de produtores, pesquisadores, entomologistas, gerentes de fazendas, técnicos, consultores e entidades do agronegócio.
Ascom Abapa
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