A tecnologia permitirá o acesso de informações sobre espécies de forrageiras recomendadas para determinada região, tecnologias de sequestro de carbono para determinado bioma, além de servir para análises de crédito rural
A partir de outubro os agricultores de todo o Brasil poderão contar com um aplicativo de celular chamado Agrotag. A tecnologia permitirá que produtores rurais acessem e atualizem um banco de dados colaborativo sobre o uso do solo. Por meio da ferramenta, será possível usar e carregar informações tais como área da propriedade ocupada por sistemas integrados de produção, pastagens degradadas, áreas de preservação, tipos de lavoura existentes e outras, sempre com apoio de mapas e imagens de satélite.
O software, que deve revolucionar a forma de coleta, armazenamento e disponibilização de dados e informações agropecuárias no país, foi desenvolvido pela Embrapa com apoio da Rede ILPF, Instituto de Pesquisas Eldorado e da Plataforma Multi-institucional de Monitoramento das Reduções de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Plataforma ABC).
O aplicativo pretende inaugurar uma nova etapa no processamento de dados. Em breve, será possível acessar, em tempo real, os níveis de degradação de pastagens, as espécies de forrageiras recomendadas para determinada região, o tipo de uso da terra, tecnologias de sequestro de carbono para determinado bioma, dentre outras informações.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, Celso Manzatto, o Agrotag vai permitir incialmente, a identificação e qualificação dos sistemas ILPF, como estratégia para regionalização das ações de transferência de tecnologia, das estimativas de redução das emissões de gases de efeito estufa pela Agricultura de Baixa Emissão de Carbono e, em uma terceira etapa, a diferenciação e certificação de propriedades rurais e tecnologias que proporcionem a redução ou sequestro de carbono no solo. Além dessas informações, o projeto será útil para diversas análises de crédito rural, apoio a políticas públicas, auxílio a cooperativas e monitoramento ambiental, por exemplo.
Na primeira etapa, o aplicativo será voltado para um grupo de profissionais da Embrapa e parceiros. Os especialistas deverão alimentar um banco de dados para uso comum. Após a primeira fase, o aplicativo estará disponível para outros parceiros, como instituições de ensino e pesquisa, extensão rural, Secretarias de Agricultura e Plano ABC dos Estados, bem como profissionais da cadeia produtiva e produtores. “Esses dados servirão até para a comprovação e diferenciação de produtos em mercados nos quais a sustentabilidade e a certificação sejam o diferencial,” afirma Manzatto.
O pesquisador Luiz Eduardo Vicente destaca a capacidade do aplicativo em acelerar os trabalhos de coleta de dados na propriedade e registro nas planilhas. “Um grupo de técnicos em campo poderá fazer levantamentos de maneira muito mais rápida e precisa. Na outra ponta, o uso dos dados, mapas e imagens de satélite estarão disponibilizados diretamente no aplicativo ou em site específico para o tomador de decisão,” aponta. Esse procedimento demorava semanas ou meses, até que todas as informações fossem transferidas, compiladas e analisadas, além de sujeitas a diversos erros de preenchimento ou interpretação. Os dados das propriedades que forem inseridos terão garantia de sigilo, uma vez que as informações enviadas ao banco de dados serão analisadas de forma conjunta, não individualizada.
A tecnologia ainda possui outras aplicações práticas. Pode municiar equipes de campo em missões de pesquisa que necessitem de dados geoespaciais específicos. Entre as informações estarão mapas de uso da terra, levantamento estratégico de dados de campo, identificação de focos de novas pragas para a implantação de barreiras sanitárias, áreas potenciais para a piscicultura, gestão das águas e bacias hidrográficas e recomposição florestal, dentre outras.
Fonte: Canal Rural
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