Um passo importante. Foi assim que o presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Júlio Cézar Busato, definiu a mobilização para revitalização da hidrovia do São Francisco, realizada no dia 09 de maio, no município de Muquém do São Francisco, e que reuniu os principais agentes envolvidos com a retomada da navegação no rio. Participaram da mobilização, o secretário estadual da Indústria Naval e Protuária, Carlos Costa; a presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Isabel da Cunha; o presidente da Icofort, Décio Barreto Jr, o diretor de Logística da Icofort, Marcelo Teixeira, e os prefeitos de Muquém do São Francisco, Márcio Mariano, e de Ibotirama, Terence Lessa.
A mobilização teve início com o pronunciamento do presidente da Icofort, empresa que realiza sozinha o transporte de cargas pelo São Francisco desde 2007. Segundo ele, o trecho que liga Muquém e Petrolina, com 610 km, poderia ser feito em cinco dias, mas leva cerca de 18, devido a falta de infraestrutura. “Temos tido dificuldade em cumprir os prazos com nossos clientes devido ao assoreamento e a existência de pedrais, que têm provocado diversos danos as embarcações, inclusive o naufrágio de um empurrador”, relatou Décio Barreto Jr.
O secretário estadual da Indústria Naval e Protuária destacou a importância da retomada da hidrovia para o desenvolvimento do agronegócio baiano e dos municípios ribeirinhos. Com esta compreensão, o secretário relatou as ações que o Estado tem realizado para alavancar a hidrovia do São Francisco como a dragagem de 21 pontos do canal de navegação do rio, que já possui a licença ambiental e está aguardando o resultado da licitação que definirá a empresa que executará o serviço. Ele informou ainda que o porto de Juazeiro está pronto, aguardando também a licitação para escolha da empresa que administrará o terminal. “ Juntos, empresários e Estado, poderemos reunir esforços e otimizar a cadeia produtiva baiana”, concluiu Carlos Costa.
A inclusão da hidrovia no sistema de logística do Oeste da Bahia, por exemplo, dará mais competitividade à produção de grãos e fibras da região com a redução do frete em cerca de 20%. “ A América do Norte gasta, em média, US$ 25,00 para escoar uma tonelada de algodão, enquanto que no Oeste da Bahia, gasta-se, aproximadamente, US$ 90,00 para transportar a mesma quantidade por rodovia até o porto de Santos”, explicou Júlio César Busato, presidente da Aiba. Segundo ele, a revitalização da hidrovia do São Francisco vai ainda, fomentar os mercados da avicultura, suinocultura e bovinocultura do Nordeste, uma vez que “ a população receberá carne, leite e ovos a um preço mais baixo”, disse.
Marco histórico
Para marcar este dia de mobilização, um carregamento de 2.400 toneladas de caroço de algodão saiu do município de Muquém do São Francisco com destino a Petrolina (PE). Lá, o caroço de algodão será processado para transformação e produção de torta e farelo de algodão (consumo animal); óleo refinado de algodão (consumo humano) e óleo de algodão para transformação em biodiesel. Além disso, durante o processo de transformação, retira-se o linter (lã de celulose que envolve o caroço) que será exportado para Japão e China.
Este ano, na safra 2013/14, o Oeste da Bahia já colheu 3,3 milhões toneladas de soja; está em processo de colheita do milho que deverá produzir 2,3 milhões de toneladas e, na última semana de maio, dará início a colheita do algodão com previsão de 1,2 milhão de toneladas produzidas. Os dados são da Aiba que dimensionou em 4,8 milhões de toneladas o volume de grãos e fibras que poderá ser transportado pela hidrovia, gerando cerca de R$ 2,6 bilhões.
Os prefeitos de Muquém do São Francisco e de Ibotirama, municípios ribeirinhos que já viveram momentos de esplendor com o pleno funcionamento da hidrovia, assumiram o compromisso de, junto à associação regional de prefeitos, se mobilizarem para contribuir com a retomada.
Ascom Aiba
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