O Secretário de Política Agrícola, Neri Geller, que toma posse nesta segunda-feira (17/3) no Ministério da Agricultura, disse que, ao assumir o novo cargo, pretende “defender a produção” e atuar próximo das entidades representativas do setor. Em entrevista a Globo Rural, ele afirmou que não trabalhará apenas com ação política, mas também na busca por resultados.
“Eu tenho um foco muito direcionado em fazer um trabalho com as entidades. Eu vou ficar muito próximo. Sou produtor também. Meu trabalho na Secretaria de Política Agrícola teve esse contato e pretendo continuar assim”, disse o secretário, que substitui Antônio Andrade.
Produtor de grãos em Lucas do Rio Verde (MT), Geller afirmou não temer que sua gestão seja questionada por conta da relação mais próxima com o segmento. “Vou defender cada atividade dentro de seu momento. Obviamente que dentro das linhas gerais da política macro do governo federal, mas o que for preciso fazer será feito. Não vou ficar do lado de A ou B.”
Geller disse também que pretende estar próximo da agroindústria com foco na produção de valor agregado e na abertura de novos mercados. “Pegar a agroindústria do país e ver o que eles estão precisando”, disse ele, mencionando, por exemplo, a importância da defesa agropecuária.
Na avaliação dele, o fortalecimento das agroindústrias tem reflexos para o homem do campo. “Ao mesmo tempo em que temos potencial de produzir carne com valor agregado, temos um potencial extraordinário de aumentar a produção de milho, principalmente no Centro-oeste.”
Sobre como fazer essa “defesa da produção” dentro do próprio governo, declarou apenas que “vamos trabalhar para ter argumentos técnicos, mas vamos saber fazer essa articulação.”
Neri Geller afirmou ainda que o Ministério da Agricultura deve reforçar sua participação nas discussões sobre a logística no país, um dos principais problemas que afetam a competitividade do setor agropecuário. “Vou me envolver pessoalmente.”
A ideia, explicou, é fazer um levantamento dos custos relacionados à infraestrutura com base nos instrumentos de apoio do governo ao setor. E incluir a gestão desses custos na política agrícola. “Vamos ver quanto o governo e a sociedade perdem em alguns eixos estruturantes, como, por exemplo, trazer a soja de Mato Grosso até o Porto de Paranaguá (PR).”
De acordo com ele, só no ano passado, o governo gastou cerca de R$ 400 milhões para dar sustentação ao preço do milho, principalmente do estado de Mato Grosso. “Vamos colocar na mesa. Chamar as entidades para ajudar e efetivar isso. Ver quanto nós podemos economizar e fazer a gestão para resolver esses gargalos.”
Neri Geller defendeu ainda que a remuneração do setor de uma forma geral passa pelo estabelecimento de um equilíbrio de preços dentro da cadeia produtiva. Usando o milho como exemplo, avaliou que não pode custar nem R$ 13 por saca, para não dar prejuízo ao produtor, nem R$ 20 para não pressionar o custo de quem tem o cereal como insumo.
“Isso não é bom nem para o produtor nem para a agroindústria. Tem que ter equilíbrio porque é um conjunto de fatores que, se somados, será bom para todo mundo”, ponderou.
Dentro dessa atuação, o secretário reforçou a importância do Programa de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) como instrumento não só para trazer rentabilidade ao produtor, mas também para direcionar a atuação do governo. “Há pontos a serem resolvidos, mas a questão esta bem apaziguada”, avaliou.
Fonte: Globo Rural
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