Com uma área aproximada em 320,5 mil hectares, o estado da Bahia – segundo maior produtor de algodão do Brasil -, já iniciou a colheita safra 2013/14. A previsão é colher aproximadamente 1,2 milhão de toneladas. Atualmente, a região oeste representa 92,5% da produção de todo estado, cultivando uma área de 308 mil hectares. Já a região sudoeste apresenta uma área de 12,3 mil hectares. Segundo levantamentos do Programa Fitossanitário da Associação Baiana dos Produtores do Algodão (Abapa), a produtividade média estimada da Bahia é de 3.920 kg/ha. Se confirmado este prognóstico, a produção de algodão em caroço deverá totalizar cerca de 1.252 mil toneladas, sendo 498,3 mil toneladas de pluma.
Segundo a presidente da Abapa, Isabel da Cunha, para esta safra, houve incremento na Bahia de mais de 15%, em relação à safra 2012/2013. “Temos uma perspectiva de safra muito boa. Estimamos que voltemos a nossa produção de anos normais, com expectativa de colher uma média de 260@/ha”, ressaltou Isabel.
De acordo com o diretor da Abapa e vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), João Carlos Jacobsen, “desse algodão produzido na Bahia, a maior parte é exportada para a Ásia, especialmente, China, Indonésia, Coréia do Sul, Vietnã, que são os países que mais consomem algodão do mundo. O que fica no mercado interno, fica praticamente no nordeste, onde temos uma forte indústria têxtil”, informou Jacobsen.
Com mais de 30% do algodão colhido, o produtor Paulo Schmidt, afirma que a colheita está boa, sem grandes surpresas. “Temos boas expectativas para esta safra. Hoje nossa média de produtividade deve girar em torno de 300@/ha, esperamos aumentar esse número durante a colheita, como começamos sempre pelas piores áreas, que são as áreas que perdem as folhas primeiro, acredito que vai ser um ano de sucesso”, afirmou.
Preços baixos – Para Schmidt, o baixo preço do algodão é o grande problema desta safra. “Os preços não estão correspondendo à produção, a soja não foi muito boa, o milho também não, o algodão viria pra compensar, mas, os preços estão deixando a desejar. Praticamente, 70% do nosso algodão já foi comercializado, mas lamentamos, ter que comercializar esses 30% por um preço que não consideramos justo”, enfatizou.
Com as recentes baixas, os preços médios regionais estão próximos do mínimo determinado pelo governo para esta safra, de R$ 54,90 por 15 quilos de pluma.
De acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP, com a colheita avançando no Brasil, os preços do algodão em pluma seguem enfraquecidos. No dia 12, o Indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias fechou a R$ 1,6638/lp, ligeiro aumento de 0,17% frente à terça anterior, mas com queda de mais de 20% desde o início deste ano. “Hoje o preço está baixo, mas boa parte dos contratos foram fechados há um ano, então temos perspectivas de receber preços justos por essa safra.”, ressaltou João Carlos Jacobsen.
No mercado internacional, as cotações da pluma também têm caído. O menor interesse por parte da China e a expectativa de maior oferta no Brasil e nos Estados Unidos explicam o cenário baixista. Além disso, os estoques norte-americanos ainda são considerados satisfatórios, enquanto a demanda internacional segue retraída.
Controle e Monitoramento de Pragas – Uma das grandes preocupações dos cotonicultores para a safra 2013/14 é com o controle e monitoramento de pragas e doenças. Com uma produtividade em torno de 280@/ha, e com aproximadamente 35% do algodão colhido, o produtor Cézar Busato, destacou as complicações que tiveram com ataques de pragas nesta safra. “Podemos dizer que estamos tendo uma boa colheita. Porém, consideramos este ano de safra complicado por conta das pragas, mesmo com a produtividade dentro do esperado, tivemos sérios problemas com o bicudo, lagarta, mosca-branca, e até pulgão. Acredito que hoje, o bicudo é um problema maior que a helicoverpa. É um problema exclusivo dos cotonicultores, e só os cotonicultores podem consertar, mas parece que falta essa consciência por parte de alguns”, destacou Busato.
O Programa Fitossanitário da Abapa tem alertado os produtores acerca das pragas, propondo ações para diminuir a população do bicudo neste final de safra 2013/14. “Esperamos com estas ações e a colaboração de todos os produtores chegar ao fim da entre safra, pré-safra e no início do florescimento, reduzindo os índices de bicudo e o número de aplicações durante a safra 2014/15”, disse Isabel da Cunha, que também alerta os produtores para a data limite da colheita. “Esse ano em consequência do excesso de chuvas, no mês de dezembro e falta em janeiro, os plantios de sequeiro atrasaram. Foi pedida prorrogação a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), para colheita do algodão até dia 15 de setembro e a destruição de soqueira até 30 de setembro de 2014. Mas é importante que respeitemos o prazo, lembrando que as soqueiras tem que ser destruídas. Que cada produtor fique atento a esses prazos”, alerta a presidente.
De acordo informações do pesquisador, Dr. Eleusio Curvelo Freire, na safra 2013/2014, como estratégia para redução dos prejuízos provocados por pragas e lagartas, foram cultivadas no estado, nove cultivares convencionais de algodão, em 13% da área. Já as cultivares transgênicas resistentes a lagartas com eventos Bt incorporadas, foram 14 em 72,2 % das áreas. Enquanto que as 11 cultivares transgênicas resistentes a herbicidas ocuparam 14,8% das áreas com algodão. “Com esta distribuição de áreas podemos considerar que nesta safra foram plantadas na Bahia 27,8% de áreas consideradas como refúgio para a Helicoverpa armigera, onde não foram usadas cultivares transgênicas Bt nem aplicados inseticidas biológicos a base de Bt”, afirmou o pesquisador.
Fonte: Ascom Abapa
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