O Agronegócio está no século XXI, utilizando tecnologia de ponta, com mais produtividade, colhendo mais em menos área, e respeitando cada vez mais a legislação ambiental e trabalhista. Enquanto isto, alguns críticos do Agronegócio, a exemplo da economista Miriam Leitão, em artigo publicado no último domingo (8) em sua coluna em “O Globo” desconsidera a realidade e parece se influenciar pelo idealismo romântico do Índio brasileiro retratado em Iracema (1865), do autor José de Alencar.
De uma realidade econômica de crise, o Agronegócio foi o setor que ajudou a tirar o Brasil da recessão, quando cresceu 1% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre deste ano. A agropecuária registrou, ainda segundo os dados do IBGE, no primeiro trimestre do ano, uma expansão em mais de 20 anos, sendo este o maior crescimento desde o 4º trimestre de 1996. . Respondendo à pergunta: Quando o século XXI chegará ao campo brasileiro?
O forte crescimento de 44 milhões de toneladas da produção agrícola na safra 2016/2017, de 188 milhões para 232 milhões de toneladas de grãos, ajudaram a minimizar os impactos de uma economia estagnada e em recessão. Esse desempenho, segundo os especialistas sérios em economia, está ligado à motivação dos produtores em incorporar tecnologia e agregar valor à produção e buscar estratégias de comercialização eficientes. O setor emprega, gera renda e apóia o desenvolvimento fora dos grandes centros. Em resumo, estamos à frente do nosso tempo!
Os agricultores vêm buscando de maneira rotineira a adesão dos agricultores brasileiros ao respeito integral à legislação ambiental e trabalhista e incorporando os critérios de sustentabilidade e da rastreabilidade na cadeia produtiva de grãos e fibra. Estamos sim, no século XXI, ao contrário do que afirma Miriam Leitão, que ainda quer acreditar que os índios utilizam as terras como há dois séculos, sobrevivendo da caça, da pesca e da coleta de sementes e raízes da floresta. Bem diferente do idealismo criado pela articulista de “O Globo”, de que eles somente preservam a floresta e a mata nativa, hoje, eles negociam suas terras, adquirem bens, tem casas, vão ao supermercado e também precisam de uma renda, e encontram um jeito, mesmo que longe da economia formal, ao qual ela está acostumada a vangloriar os números como economista.
A proposta de legalizar o arrendamento de áreas indígenas demarcadas para a produção agrícola tem o caráter de mediar uma realidade já existente em alguns pontos do Centro-Oeste, Norte e Nordeste do Brasil. Além de regularizar arrendamentos, a medida provisória do presidente Michel Temer, intermediada pelos deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) – que não representam somente as demandas do agronegócio, mas de toda a nação – vai garantir renda, de origem transparente e lícita, para o indígena, cobrança de impostos desta negociação e garantir maior tranquilidade de quem deseja ou já arrenda uma trecho de terra tornando-a produtiva e legal, respeitando as legislações que regulamentam a atuação do setor agrícola.
Mais do que ampliar e “atacar” as áreas indígenas, regularizar estas negociações é fundamental para adaptar a lei a uma realidade que já existe. Ao invés de entrar no idealismo romântico do indígena no século XIX, defendido pela colunista Miriam Leitão, nós agricultores, pequenos, médios, e grandes, encaramos a realidade, plantamos e colhemos, nos preparamos para as adversidades, e garantimos a comida na mesa e o fortalecimento da economia nacional. E, agora, somos nós quem perguntamos: Quando vai deixar o romantismo indígena do século XIX de lado e retratar a realidade econômica do século XXI?
Júlio Busato – Agricultor, presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) e vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).
Deixe um comentário