Algodão brasileiro busca o reconhecimento internacional na classificação

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Dimensionado para analisar o dobro da safra nacional, estimada em 1,4 milhões de toneladas de algodão em pluma em 2016/17, o Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão – CBRA, da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão – Abrapa, inaugurado há menos de dois meses, começou os trabalhos para conquistar a certificação internacional. Esse mês, representantes da Abrapa participaram de um seminário montado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, o USDA, especialmente para apresentar aos brasileiros o modelo americano de classificação de algodão. O CBRA é o laboratório central de verificação e padronização dos processos de classificação da fibra do Brasil, que atuará para garantir a qualidade e a credibilidade dos resultados aferidos nos diversos laboratórios instalados no país.

Nos EUA, a verificação da qualidade da fibra é garantida pelo governo, que avalia 100% da produção do país. No Brasil, os agricultores, através da Abrapa, com recursos do Instituto do Algodão Brasileiro – IBA, assumiram a tarefa de “rechecar” por amostragem 1% da safra nacional. Além disso, o CBRA integrará em um único sistema todos os 14 laboratórios de High Volume Instrument (HVI) do Brasil, estabelecendo o parâmetro para a calibragem dos 63 instrumentos do tipo disponíveis atualmente no território nacional.

“A padronização e a verificação da qualidade do nosso algodão, através de processos de aferição rigorosos e invioláveis, vão reforçar a credibilidade do produto no mercado internacional, com possíveis ganhos em remuneração para o produtor. A safra 2016/17 será um marco muito importante para definir os passos que tomaremos na busca pela certificação internacional. Viagens de referência como esta são muito importantes para orientar esses passos”, afirma o presidente da Abrapa, Arlindo Moura.

De acordo com o gestor do Programa de Qualidade da Abrapa, Edson Mizoguchi, que viajou para Memphis para conhecer em detalhes o modelo americano, o padrão do USDA foi a referência da entidade para a certificação do CBRA pelo alto grau de confiabilidade e o reconhecimento internacional conquistado desde a sua implantação, em 1995. “Ele garantiu à fibra dos Estados Unidos o chamado green card, uma espécie de qualidade reconhecida e passe livre em qualquer mercado”, diz Mizoguchi.

Proatividade

Durante três dias, a equipe da Abrapa conheceu detalhadamente o sistema do USDA, que fiscaliza cada etapa da safra. A coleta das amostras é feita por agentes oficiais, que atestam o tamanho e a integridade do material. “Os americanos conseguem ser muito ágeis no resultado, que leva em média três dias para ser divulgado. Temos ainda um logo caminho pela frente, mas estamos trabalhando para atingir nossas metas”, afirma Mizoguchi.

A meta da Abrapa é, no primeiro ano, implantar o Sistema de Gestão da Qualidade baseado na NBR ISO/IEC 17.025. Ao mesmo tempo, a Associação já iniciou o processo de certificação internacional que é conferida pelo ICA Bremem, FDA AMS e DIRAD-LTC. O ICA Bremem foi uma das instituições que colaboraram para a Abrapa desenvolver o seu programa Standard Brasil HVI – SBRHVI, lançado em Liverpool em outubro de 2016. O CBRA é um dos três pilares desse programa, que inclui o Banco de Dados da Qualidade e a Orientação Técnica aos Laboratórios de HVI de todo o Brasil.

“A proatividade é uma marca da Abrapa, bem como a busca da qualidade em tudo o que faz. Essa missão que assumimos ao construir o CBRA, fortalecerá a credibilidade e a reputação da fibra brasileira no mercado mundial”, afirma o presidente da Abrapa, Arlindo de Azevedo Moura.

O Centro

O CBRA foi inaugurado pela Abrapa em Brasília, em 6 de dezembro de 2016, ao final do mandato do ex-presidente João Carlos Jacobsen Rodrigues. Para a construção da estrutura e instalação do laboratório, foram investidos em torno de R$9 milhões, de um total de R$50 milhões já aplicados pela Abrapa e suas associadas no Programa de Qualidade.

O Centro é equipado com duas máquinas de HVI com a calibragem do algodão-padrão do USDA e capacidade de analisar 800 amostras por dia. Essa é a tecnologia mais avançada e recorrente no mundo para a classificação de algodão. Ela avalia com precisão características intrínsecas e extrínsecas da fibra, como comprimento, resistência, uniformidade, espessura, reflectância, dentre outras, minimizando a subjetividade da classificação visual, que continua existindo, em paralelo ao HVI. No CBRA, todo o ambiente é controlado para atingir e manter as condições ideais de temperatura e umidade para a análise.

Imprensa Abrapa

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