Em uma região de grandes extensões, como o Oeste da Bahia, a distância não precisa ser um empecilho para quem decide estudar. Pensado nisso, e respaldada nos excelentes resultados auferidos em 2015, a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) lançou, no dia 17 de dezembro, a segunda turma do Curso Técnico em Agropecuária, uma iniciativa da Associação que incrementa a qualidade da mão de obra que trabalha na agricultura da região Oeste da Bahia, aumentando o potencial de empregabilidade para os 50 estudantes matriculados. O curso é uma iniciativa da Abapa em parceria com a Agrosul Máquinas, Prefeitura de Luís Eduardo Magalhães e Universidade Federal de Viçosa–UFV, uma das mais renomadas instituições de ensino do país, responsável por todo o conteúdo programático e pela operacionalização do curso.
A cerimônia inaugural contou com a presença do presidente da Abapa, Celestino Zanella, da representante da Agrosul Máquinas, Bruna Lermer Oliveira, da secretária de Educação de Luís Eduardo Magalhães, Marli Cenci, e do convidado de honra, o coordenador do Curso Técnico em Agropecuária EaD da UFV, Hebert Leonardo Lehner.
O primeiro dos quatro módulos começa em fevereiro e contempla as disciplinas de Introdução a Zootecnia, Informática Básica, Solos, Silvicultura I, Sustentabilidade Ambiental e Introdução em EAD. Totalmente gratuito para os estudantes, o curso tem duração de dois anos, com carga horária de 1200 horas. Ele está formatado no modelo de Educação à Distância (EaD), com encontros presenciais pelo menos uma vez por mês e 55% de avaliações presenciais. O conteúdo das matérias é acessado através de um ambiente digital da UFV, batizado de “Sapiens”. O modelo EaD permite que os alunos organizem suas agendas de estudo de acordo com os horários de trabalho. A rotina de estudos ideal é de, em média, duas horas semanais dedicadas a cada disciplina.
“Estudar em uma das mais importantes instituições de ensino no Brasil é uma oportunidade de mudança de vida para muitas pessoas aqui presentes, e precisa ser agarrada com seriedade. O fato de ser gratuito não significa que não tem custo. Todo um investimento foi feito para realizá-lo, em especial pela UFV, que, depois da primeira experiência, tornou o nosso curso uma prioridade”, lembrou o presidente da Abapa, Celestino Zanella.
Novas tecnologias
Representante da Agrosul, Bruna Lermer Oliveira frisou a importância da qualificação profissional frente à chegada das tecnologias revolucionárias voltadas ao campo, que já são uma realidade. “Nós damos muita importância à formação das pessoas que estarão no comando dessas máquinas, pois não importa quanta autonomia elas tenham, sempre será preciso um cérebro humano para interpretar os dados que colhem. Por isso, nós, que participamos junto com a Abapa do nascimento deste CT, sonhamos em vê-lo transformado em um colégio técnico”, desafiou a sucessora no Grupo Agrosul.
Celestino Zanella lembrou ainda a importância da qualificação de mão de obra para a Abapa. “Desde a fundação, em 2010, esse Centro de Treinamento já capacitou em torno de seis mil pessoas, sendo metade disso apenas esse ano. O desafio era dobrar o número de capacitações em um ano e nós conseguimos”, lembrou.
De acordo com o coordenador do Centro de Treinamento Parceiros da Tecnologia, Douglas Fernandes, o agronegócio regional envolve em torno de dez mil postos de trabalho diretos e 30 mil indiretos, que precisam ser assistidos em qualificação.
“Por isso precisamos ser assertivos em todas as nossas ações. Só abertos a novas parcerias, pudemos fazer tanto em tão pouco tempo. Nos aproximamos de instituições como UFV, SENAR/Sindicatos Rurais, SESI, SENAI, SEST/SENAT, CIEB, dentre outras, e estamos ampliando o nosso leque de ofertas. A meta é dobrar mais uma vez o número de beneficiados”, antecipou o coordenador.
Empregabilidade maior
Segundo Hebert Lehner, nos últimos anos, o modelo de Educação Profissional de Nível Técnico tem expandido, a exemplo do que acontece há muito tempo na Europa, especialmente, em países como a Alemanha. No Brasil, diz o professor, a cultura bacharelesca foi influenciada pelo modelo americano.
“Muitas atividades, contudo, não requerem a formação superior. Um técnico as faria com bastante competência. A empregabilidade do técnico no mercado é maior, embora a remuneração seja menor. Em momentos como este que vivemos, ter boa empregabilidade é muito importante”, diz.
José Maciel de Souza França tem 29 anos e já é Técnico de Segurança do Trabalho no Grupo Laurindo de Castilhos. Ele não pensou duas vezes quando surgiu a oportunidade de somar mais um diploma à sua formação. “Nossa região vive da agropecuária e se eu tiver mais uma habilitação, agrego um diferencial competitivo ao meu currículo. Além disso, não é todo dia que a gente pode estudar numa Universidade Federal. Vou abraçar a chance com todas as forças”, afirmou.
Seriedade comprovada
De acordo com o coordenador do Curso Técnico em Agropecuária EaD da UFV, Hebert Leonardo Lehner, em 2015, a Abapa sondou a UFV sobre a possibilidade de implantação de um Curso Técnico em Agropecuária na região. “Depois do telefonema inicial do Douglas, marcamos um encontro presencial, eu e meu diretor, e ficamos impressionados com a seriedade da instituição. Foi tão boa a experiência que, para 2017, só conseguimos 50 vagas custeadas pelo MEC, que são exatamente as que estão sendo disponibilizadas hoje aqui”, disse o professor.
“Temos outros polos que queriam as vagas, mas, pela seriedade do trabalho anterior, não tivemos dúvida em direcioná-las para a Abapa”, concluiu.
Ascom Abapa
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