O momento é de um período climático “errático”, com precipitações abaixo da média, o que pode causar uma grande perda de produtividade na soja. De acordo com o climatologista Luiz Carlos Molion, os produtores devem aguardar e começar a plantar a partir da terceira semana de novembro, quando as condições estarão mais favoráveis para o plantio.
Isso porque Molion aposta na ocorrência do La Niña para este ano, que deve perdurar até 2019. O climatologista realizou uma análise, comparando as condições climáticas de 1997 e 1998 com 2015 e 2016 e percebeu que há um quadro bastante semelhante, logo, a probabilidade de que o fenômeno climático ocorra é bastante forte.
Ele lembra, portanto, o comportamento das chuvas em outubro a dezembro de 1998, que pode ser comparado com os patamares atuais. Naquele ano, áreas como o oeste da Bahia tiveram chuvas acima do normal. Em áreas do Centro-Oeste, as chuvas não são uniformes, mas, de maneira geral “essas reduções em milímetros por mês não afetam essa região, pois ela possui uma precipitação anual de até 1800mm por ano, sendo que praticamente 85% da chuva ocorre entre outubro e março”, explica. “Se houver uma chuva bem distribuída, a produtividade é bastante boa para a soja”.
A previsão já para a próxima semana é de uma frente fria, mas o sistema de alta pressão persiste no Centro-Oeste até o Oceano Atlântico, de forma que inibem a formação das nuvens e das chuvas. “Tem gente recebendo chuva, mas não pode chover muito. Alguns lugares, no entanto, podem ter tempestades localizadas”, diz. Ele aponta que este fator ocorre com frequência na pré-estação, quando a estação chuvosa ainda está para se estabelecer. Ele lembra ainda que o produtor deve ter em mente que vem de um período seco, portanto, os solos estão com baixa umidades. “É importante deixar cair as primeiras chuvas e, só então, plantar”, aconselha.
Para quem realiza a safrinha, não deve haver preocupação. Na sequência das comparações dos quadros, trazendo os números de 1999 e considerando que eles podem se repetir entre janeiro a março de 2017, haverá uma redução de chuva no centro-oeste em função do veranico, o que não deve ser crítico para a produção uma vez que as chuvas ocorram de outubro a dezembro. “Realizamos um estudo em várias localidades e o que a gente percebe é que quando chover bem em outubro e dezembro, a safra não é comprometida como quando ocorre o contrário”, diz.
Neste ano, a situação “ainda não é das melhores” para a nova safra, mas seguindo a previsão de que o La Niña irá persistir até 2019, os anos de 2017 e 2018 trarão uma safra bastante chuvosa, indicando condições ainda mais adequadas para a safra 2017/18.
Nos meses anteriores a isso, em julho a setembro de 2017, considerando os dados de 1999, a temperatura sofrerá modificações do sul do país, com invernos mais rigorosos e temperaturas muito baixas em toda a serra gaúcha e catarinense. Neste caso, a atenção é para a safra do café, que pode sofrer com geadas se for plantada em maior altitude e também para a criação de gado, uma vez que, se o gado de corte ficar ao relento, a temperatura baixa pode causar hipotermia nos animais.
No quadro comparativo de outubro a dezembro de 1999 com outubro a dezembro de 2017, a situação é bastante diferente do que a vista em 2016, com um quadro “bem característico de La Niña”. O Sul e o Sudeste devem ter redução de chuvas, enquanto o Mapitoba deve ter chuvas acima da média. O climatologista, no entanto, vê “totais pluviométricos muito bons para a safra 2017/18”.
Por Notícias Agrícolas
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