Com a presença de produtores rurais, representantes de entidades, pesquisadores, consultores e autoridades, a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), iniciou as atividades do Dia de Campo do Algodão 2015 – maior evento técnico da cotonicultura do estado da Bahia, na noite do dia 03 de julho, no Espaço Quatro Estações, em Luís Eduardo Magalhães. Como parte da programação, o apresentador do canal rural, analista financeiro e comentarista econômico, Miguel Daoud, ministrou a palestra ‘Perspectivas para o agronegócio no Brasil – Análise do cenário político e econômico’.
Durante a abertura, o presidente da Abapa, Celestino Zanella, agradeceu a presença de todos e ressaltou sobre o momento da cultura do algodão no Estado. “Essa é o hora de apresentar alguns trabalhos feitos durante o ano e refletir sobre as próximas ações. Temos vários fatores preocupantes para observar, e um deles é em relação ao controle do custo da produção e controle do bicudo-do-algodoeiro. A Bahia já iniciou a colheita, e alerto aos produtores para que façam uma destruição de soqueira e controle de tigueras bem feitos, para evitar problemas ainda maiores com o bicudo. A Associação precisa contar com a colaboração de todos os produtores”, alertou Zanella.
Prestigiando o evento, o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), e presidente da Câmara Setorial do Algodão, João Carlos Jacobsen, iniciou seu pronunciamento encorajando a classe produtora em relação a continuar produzindo, e falou sobre força do algodão para a economia do país. “Sabemos as enormes dificuldades que todos vêm enfrentando para conseguir sobreviver no meio de toda essa crise econômica que enfrenta o Brasil. Não podemos cruzar os braços, precisamos superar e fazer aquilo que sabemos fazer melhor, que é produzir. O algodão brasileiro continua sendo uma referência em qualidade e nós não podemos perder isso de vista. Temos uma tarefa árdua, que é reduzir os custos de produção, já temos tecnologia e parceiros com boa vontade para nos ajudar, a exemplo da Embrapa Algodão. A luta da Abrapa tem sido constante em Brasília, e chegou a hora de todos os produtores fazerem uma reflexão e dizerem o que podem fazer para contribuir com o país”, disse Jacobsen.
‘Perspectivas para a agronegócio no Brasil – Análise do cenário político e econômico’
Na palestra ‘Perspectivas para a agronegócio no Brasil – Análise do cenário político e econômico’, Miguel Daoud, falou sobre o momento do Brasil e a força da agropecuária. “Atualmente a situação do Brasil é bastante complicada de ser resolvida, com altas taxas de juros, que não vão combater a inflação, o ciclo é cada vez mais drástico. Acredito que o agronegócio está segurando o Brasil, mostrando que ele está caminhando, é um ponto fora da curva”, enfatizou.
Segundo Miguel, o Brasil, devido à demanda agrícola, pode ser o celeiro do mundo. “Em 2050 a população da terra vai atingir mais de 9 bilhões de pessoas, a demanda de alimento vai dobrar, assim, acredito que o Brasil tem um potencial muito grande, devido a sua disponibilidade de terra. Grandes potências agrícolas, como Austrália, China, Índia, Rússia e Estados Unidos, não tem mais terra disponível para aumentar a sua produção. O Brasil possui cerca de 400 milhões de hectares de terra disponível para produção, utilizando atualmente, cerca de 57 milhões, assim, o país pode ser o grande celeiro do mundo”, afirmou.
A força da agropecuária – Segundo o palestrante, o setor impulsiona o Brasil. “Mais de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, é do agronegócio, o que representa mais de R$1,5 trilhão. Em relação ao emprego, mais de 30% vem do agronegócio, o que representa mais de 30 milhões de pessoas empregadas. Nas exportações, mais de 50% é do agronegócio”, informou Miguel.
A força do algodão – De acordo com o analista, o Brasil é o 3º maior exportador de algodão, e está entre os cinco maiores produtores do mundo. “A produtividade do Brasil é 60% maior que a dos Estados Unidos, com 82% da produção nacional concentrada no Mato Grosso e na Bahia. A grande preocupação é no que tange aos preços, qualidade da fibra, a exigências internacionais, as técnicas de plantio e os tipos de solo, aliado ao clima”, disse Daoud.
Maiores desafios – “Os grandes desafios para o produtor rural, nesse momento, estão relacionadas às invasões, seguro rural, questão ambiental, escoamento de safra, demarcação terras indígenas, insegurança jurídica no campo, ineficiência de políticas agrícolas, baixa capacidade de armazenagem, questão sanitária (animal e vegetal)”, disse. Ao final, Miguel chamou a atenção para o grande desafio, que é a relação entre mercado e emoções, destacando o ódio, medo, razão, poder, inveja, vaidade, ganância e arrogância, como sentimentos negativos para o sucesso. “Não adianta a gente ser bom em tecnologia, em produção, se não conhecermos nosso comportamento. Na nossa vida, no negócio, é muito importante agirmos sempre com moderação. Precisamos de otimismo, perseverança, conhecimento sobre nossos limites. Para o sucesso nos negócios, precisamos conhecer as nossas limitações. Não tenhamos medo de tomar decisões. Tenhamos consciência das nossas limitações e coragem para enfrentar, que jamais esses sentimentos ruins, motivem as nossas ações”, finalizou.
Participaram da palestra, o diretor geral da Agência Estadual de Defesa Agropecuária (ADAB), Oziel de Oliveira; Chefe Geral da Embrapa Algodão, Sebastião Barbosa; secretário de agricultura de Luís Eduardo Magalhães, Carlos Koch; secretário de agricultura de São Desidério, José Jesus de Santana; presidente da Acrioeste, Cézar Busato; presidente da Abrapa e da Câmara Setorial do Algodão, João Carlos Jacobsen Rodrigues; coordenador de campo da Associação Piauiense dos Produtores de Algodão (APIPA), João Carlos Lima dos Santos; presidente da Aiba, Sr. Júlio Cézar Busato; vice-presidente da Fundação Bahia, Zirlene Pinheiro; presidente do Sindicato do Produtores Rurais de Luís Eduardo Magalhães, Carminha Missio; presidente da Cooperfarms, Luiz Antônio Pradella; presidente da AEAB, Paulo Mundel; presidente da Aciagri, Adilson Campos; presidente da Eisa Interagrícola, Antônio Esteves; presidente da ANEA, Marco Antonio Aluísio; representantes da imprensa; membros da diretoria da Abapa e produtores.
Ascom Abapa
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