“O Brasil está dois séculos atrasado no investimento em hidrovias”. A frase é do diretor executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz Ferreira, e traduz o sentimento do grupo de brasileiros que participou da Missão Logística pela Europa na última semana de maio. A viagem organizada pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) teve como objetivo conhecer a infraestrutura de transporte de países como Bélgica, Holanda, Alemanha e Antuérpia.
A comitiva visitou os principais portos da Europa e conheceu hidrovias e ferrovias. “Os europeus têm soluções fantásticas de engenharia. O continente hoje é integrado por meio das hidrovias”, contou Ferreira. A boa notícia é que, segundo Edeon, no Brasil as obras seriam bem mais simples. “Eles (europeus) conseguiram criar a intermodalidade de meios de transporte dentro de um equilíbrio, mesmo com dificuldades geográficas”, explicou.
Um exemplo é a cidade de Nuremberg, na Alemanha. Mesmo sem ter ligação com o mar, a cidade recebeu um canal para escoar os produtos, entre os rios Danúbio e Meno. Atualmente, é a maior rota comercial da Europa, com 171 quilômetros.
O produtor rural e guia da viagem, Ricardo Arioli Silva, compartilha desta opinião. “Aqui no Brasil, estas soluções deveriam ser simples e rápidas. Não precisamos nem de 10% das interferências adotadas na Europa, apenas de obras básicas”, disse. Um ponto que chamou a atenção é a integração dos modais. “Vimos hidrovias e trem de alta velocidade, um ao lado do outro. Se a carga exige rapidez, vai de caminhão. Se exige frete de baixo custo, vai de navio”, contou Arioli.
A viagem pela Europa também reforçou algo que os produtores rurais brasileiros já sabem há algum tempo: “não é possível desenvolver a agricultura de um país só com o modal rodoviário”. “Na Europa e nos Estados Unidos, as commodities não ‘rodam’ de caminhão, mas pelas hidrovias e de trem”, pontuou Arioli.
Ferreira, do Movimento Pró-Logística, acredita que a infraestrutura é a indutora do desenvolvimento. Pensamento compartilhado com o produtor rural de Nova Xavantina e vice-presidente Leste da Aprosoja-MT, Endrigo Dalcin. “O que vimos lá é qualidade das obras, que mesmo antigas estão muito bem conservadas. Além, é claro, da rapidez de planejamento e execução de tudo”, frisou. Ele exemplificou contando que uma eclusa foi planejada e construída em apenas 15 meses.
Fonte: Aprosoja MT
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