As regiões essencialmente agrícolas no Brasil devem manter um crescimento mais acelerado do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) que as não agrícolas ao menos pelos próximos 10 anos. A avaliação foi feita pelo CEO da consultoria Kleffmann no Brasil, Lars Schobinger.
A consultoria fez uma pesquisa comparando a evolução do IDH em áreas agrícolas (considerando culturas de soja, milho, algodão e cana) e não agrícolas no país, com base em dados de 1970 até 2010. Nas agrícolas, de um modo geral, o Índice cresceu 69%, passando de 0,424 para 0,718. Nas não agrícolas, a alta foi de 57%, com o IDH passando de 0,458 para 0,717.
“Se tomarmos como exemplo regiões produtoras de algodão, a gente vê que eram municípios muito pobres, com baixa distribuição de renda, e que, com a chegada da agricultura, foram se desenvolvendo”, disse Schobinger, em conversa por telefone com a reportagem da Globo Rural.
Segundo ele, o crescimento do IDH em áreas agrícolas foi mais acelerado nas chamadas “fronteiras” do que em áreas mais tradicionais na produção. “A agricultura levou outras oportunidades de vida para essas populações e acabou trazendo desenvolvimento para outras parcelas da sociedade.”
Para sustentar a tese de que o IDH nas regiões agrícolas vai manter um crescimento mais acelerado que as não agrícolas, o CEO da Kleffmann no Brasil argumentou que a demanda por produtos deve se manter, especialmente na Ásia e o Brasil tende a continuar como um importante fornecedor.
Lars Schobinger ressaltou também que a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estima que o Brasil tem condições de atender a cerca de 40% da demanda mundial por alimentos até 2050, quando a população mundial deve estar em 9 bilhões de pessoas. “Além do quantitativo de pessoas, há o qualitativo de renda. O crescimento da renda faz as pessoas comerem mais e melhor. Se essa expectativa se mantiver, o agro vai manter essa tendência.”
No entanto, o executivo descarta a possibilidade das áreas agrícolas terem maior influência sobre o IDH do Brasil como um todo. Ele destaca que 87% da população do país está em áreas urbanas, bastante carentes de políticas públicas em áreas essenciais, como educação e infraestrutura. “Seria preciso um salto muito grande, mas não para imaginar essa possibilidade porque o processo de desenvolvimento humano é mais lento.”
Fonte: Revista Globo Rural
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