Um diagnóstico sobre os efeitos provocados pelo fenômeno “El Niño” na produção de milho, soja e trigo, nas safras de 2015 e 2016, será o tema central da palestra que o pesquisador, Mauro Osaki, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo, fará nesta quarta-feira (26) durante o 2º Seminário Nacional do Projeto Campo Futuro, na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
O problema principal a ser enfrentado pelo produtor, em razão das intempéries climáticas, será o aumento do endividamento e, em razão disso, “talvez seja necessário pensar em alternativas como a abertura de crédito especial ao agricultor para dar mais segurança ao agricultor no plantio da próxima safra”, assinalou o pesquisador.
Na verdade, conforme explicou Mauro Osaki, o fenômeno “EL Niño” gerou duas situações extremas, ambas provocando danos à produção brasileira de grãos: o excesso de chuvas no Sul do país e a estiagem que se abateu sobre áreas de cultivo no Mato Grosso e na região do Matopiba, formada pelos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia.
Dois extremos – Em razão desse cenário atípico, a produção de soja enfrentou situações diferenciadas. No Rio Grande do Sul e no Paraná, por exemplo, o excesso de chuvas afetou a produtividade devido ao aparecimento de pragas como a “ferrugem asiática”, assinalou Osaki. Situação inversa ocorreu no Mato Grosso, especialmente na região de Sorriso, e no Matopiba, onde a estiagem atrasou o plantio e prejudicou especialmente a produção de milho, segunda safra.
Em relação à região do Matopiba, por exemplo, houve situações extremas em áreas dos estados de Tocantins e Bahia. A média histórica, colheita de 52 sacas de soja por hectare, caiu de forma assustadora: em alguns casos para apenas 16 sacas por hectare. Assim, segundo o especialista, no Matopiba as perdas foram intensas, em torno de 70%. Prejuízo incalculável para o produtor, segundo o pesquisador. As perdas provocadas pelas intempéries climáticas foram ainda maiores no caso do milho, segunda safra. “Nunca houve tanto prejuízo, em todas as regiões produtoras”, alertou Osaki.
Com relação ao trigo, segundo o especialista, dois problemas principais foram detectados na análise sobre o desempenho da safra de 2015: o excesso de chuvas nas regiões produtoras do Rio Grande do Sul prejudicou a qualidade do grão; e a decisão do governo federal, de autorizar a importação do grão para conter a inflação. Tal estratégia provocou queda acentuada no preço interno do grão, afetando a rentabilidade do triticultor.
Assessoria de Comunicação CNA
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