Em entrevista na sede da CNA para divulgar o balanço de 2017 e as perspectivas do setor para o próximo ano, o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, João Martins, fez previsões otimistas para 2018 em relação ao agro, falou das prioridades e destacou a capacidade que o produtor rural tem para produzir de forma eficiente.
Apesar da previsão de que a colheita recorde de grãos deste ano, de mais de 238 milhões de toneladas, não vai se repetir no próximo ano, Martins afirmou que o país terá uma boa safra em 2018 e a produção em regiões como o Matopiba, que registrou perdas no passado, deve se normalizar.
“Teremos queda de produção de grãos apenas se levarmos em conta o ano de 2017, que foi espetacular”, explicou. Segundo dados apresentados pela CNA, a estimativa é de que a colheita em 2018 seja de 224 milhões de toneladas, 6% a menos do que a safra registrada neste ano.
No entanto, Martins ressaltou que o país pode bater no futuro o teto registrado neste ano, pois o produtor rural, com a utilização de tecnologias, produz cada vez mais sem derrubar florestas utilizando, por exemplo, áreas degradadas que podem ser convertidas em terras agricultáveis.
Para o presidente da CNA, o produtor rural está cada vez mais eficiente. “Se olhar o histórico de quanto produzíamos por hectare o feijão, o leite, a carne, o milho, vê-se que cada dia mais o produtor está mais competitivo. Ele tem de ganhar por escala, sobre quantas sacas ele vai produzir por hectare”.
João Martins listou algumas prioridades para 2018. Uma delas é trabalhar para fazer do Brasil um grande exportador de produtos lácteos, assim como é um dos grandes fornecedores de carnes.
Outra bandeira é aprimorar a defesa sanitária. O presidente da CNA citou, ainda, a necessidade de buscar melhorias no financiamento da produção, para que os recursos sejam compatíveis com a realidade da produção, e de instrumentos de gestão de risco, como o seguro rural. “Os países com agricultura moderna precisam do seguro rural”.
Sobre a infraestrutura e logística, João Martins avaliou que o país precisa ser competitivo fora das propriedades rurais. Atualmente, o custo de transporte da produção no Brasil chega a ser quatro vezes maior do que Argentina e Estados Unidos.
“Somos eficientes da porteira pra dentro. Mas vamos ficar com o produto aqui? Não, vamos levar lá para fora. Mas somos ineficientes da porteira pra fora e precisamos urgentemente tomar algumas medidas para amenizar esse problema e evitar caminhões atolados nas filas dos portos”.
Cenário positivo – O superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi, apresentou os resultados do setor em 2017 e as projeções da entidade para 2018. Ele pontuou os desafios dos produtores rurais em relação à baixa nos preços da carne e do leite, mas destacou que para o próximo ano as projeções são animadoras.
“Conseguimos nos recompor com um trabalho muito forte da CNA e de outras entidades diante das crises artificiais que foram criadas em 2017 em relação à carne brasileira. Porém, para o próximo ano esperamos um cenário mais positivo, um retorno do consumo das famílias, além das exportações que estarão mais aquecidas, principalmente nos países asiáticos, com preços da soja e do milho um pouco mais altos também em função do que será consumido na Ásia e nos Estados Unidos para produção de ração animal. Mais uma vez o setor ajudou o País a sair da crise e foi essencial para a recuperação do Brasil”.
O diretor da LCA Consultores, Luiz Suzigan, disse que a agropecuária teve papel importante para a recuperação da economia em 2017. Para o próximo ano, ele avaliou que o crescimento da economia brasileira dependerá de fatores como a flexibilização da política monetária, do ambiente político interno e fatores conjunturais externos.
Novos mercados – Na avaliação de Lígia Dutra, superintendente de Relações Internacionais da CNA, 2017 foi um ano positivo no comércio exterior com aumento das exportações e melhor direcionamento nas negociações comerciais com mercados estrangeiros.
Segundo Lígia, em 2018 a CNA fará esforços para defender cada vez mais a imagem do agronegócio brasileiro no exterior, aumentar a competitividade do setor e irá trabalhar para a abertura de novos mercados, porque, apesar de o Brasil ser o 4º exportador mundial, o País ainda tem pouco acesso a mercados estrangeiros.
“Precisamos diversificar não apenas nossa pauta, mas os destinos de exportação, porque temos sim oportunidades principalmente para produtos de maior valor agregado, em destinos como Indonésia, Vietnã e Tailândia. Temos a produção, mas precisamos ter maior acesso ao mercado estrangeiro, porque isso significa acordos com reduções tarifárias ou de barreiras sanitárias e um potencial de exportação muito maior.”
Lígia Dutra destacou, ainda, que para a CNA a prioridade entre os países asiáticos é iniciar a negociação com a Coréia do Sul. “Será um passo importantíssimo para o agronegócio brasileiro. É um mercado que sofremos concorrência forte dos EUA e da Austrália.”
Assessoria de Comunicação CNA
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