Antes do anúncio do Ministério dos Transportes sobre a revogação da nova tabela com os preços mínimos dos fretes, ocorrido no fim da noite desta quinta-feira (7), em Brasília, produtores e diretores de associações ligadas ao agronegócio na região oeste da Bahia participaram de um fórum, no estande do Sindicato de Produtores Rurais de Luís Eduardo Magalhães (SPRLEM), no complexo da Bahia Farm Show. O evento foi marcado pela preocupação da categoria em relação aos impactos negativos do tabelamento no setor agrícola.
“O impacto é muito grande. O que está acontecendo na prática é que o nosso frete para o porto de Salvador subiu mais de 40%, e o algodão que levamos para o nordeste subiu 45%, mesmo tendo o frete de retorno, pois sem isso o preço aumentaria ainda mais. Isso é inaceitável! ”, reagiu Júlio Cézar Busato, presidente da Associação Baiana de Produtores de Algodão (Abapa).
Embora o Governo tenha recuado, o assunto ainda causa preocupação entre os agricultores. “Estamos vivendo uma espécie de ‘greve fria’, onde não há manifestações, nem protestos, após o tabelamento, mas simplesmente os fretes diminuíram por terem se tornado inviáveis. O tabelamento de preços, com o governo interferindo no livre mercado, foi uma estratégia que não deu certo nos anos 80 e afetou bastante a economia. Se a situação não se resolver definitivamente, isso pode impactar ainda mais, a longo prazo, o setor produtivo e levar o país a uma situação de desabastecimento”, refletiu Luiz Pradella, vice-presidente da Associação de Agricultores Irrigantes da Bahia (Aiba).
“O País precisa valorizar o setor produtivo e dar condições para que os produtos do campo possam chegar até o comércio e os consumidores. O frete alto inviabiliza todo o processo produtivo, porque encarece o transporte de insumos, fertilizantes e o próprio produto final”, reclamou Carminha Missio, presidente do SPRLEM.
Após a revogação da tabela de preços mínimos dos fretes, uma reunião foi marcada para esta sexta (8), na sede da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), em Brasília, para que o governo e os caminhoneiros discutam os valores para a formulação de uma nova tabela. A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) acompanha as negociações e não descarta ir à justiça caso haja um novo tabelamento que prejudique o setor.
Ascom BFS
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