Os prejuízos ocasionados pela crise hídrica e econômica no oeste baiano também acumulam saldo negativo no setor de distribuição de insumos, tanto no número de vendas quanto nas operações do Sistema Campo Limpo – denominação que trata da logística reversa de embalagens vazias de defensivos agrícolas.
Segundo dados divulgados pela Associação do Comércio de Insumos Agrícolas (Aciagri) – entidade que representa o setor de distribuição no oeste baiano, a queda no número de embalagens vazias que retornam à indústria chegou a 11% no comparativo com o primeiro semestre do ano passado, quando mais de 2 mil toneladas, cerca de 57% da meta estipulada para o ano já haviam sido processadas. Nos seis primeiros meses de 2016, esse número não chegou a 1,8 mil toneladas.
Para o presidente da Aciagri, Adilson de Campos, a pouca procura na devolução de embalagens vazias é reflexo das crises econômica e hídrica acumuladas nos últimos anos na região. “A Aciagri já previa uma diminuição no recebimento de embalagens vazias com base na retração da atividade econômica na região, sobretudo nos anos de 2014 e 2015. Além disso, a estiagem prolongada da última safra fez com que várias aplicações de produtos não fossem executadas resultando a não utilização dos produtos e consequentemente, não teve o descarte de embalagens. A diminuição de áreas irrigadas em função dos altos custos de energia e de fornecimento de água e a entrada de sementes transgênicas também contribuiu significativamente, na devolução do material”, detalha. Outro fator apontado é o uso de produtos ilegais contrabandeados.
Apesar da redução, a região oeste ainda representa 90% do recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos no estado da Bahia, de acordo com o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV), – órgão que representa a indústria fabricante. “As extensas áreas de cultivo de grãos na região, a forte atuação da Adab – Agência de Defesa Agropecuária da Bahia – (órgão fiscalizador) e a conscientização dos agricultores que fazem sua parte, executando a tríplice lavagem da embalagem vazia no momento da aplicação e devolvendo-a na unidade garantem o sucesso do Sistema no oeste baiano”, afirma Fábio Macul, coordenador Regional de Operações do inpEV.
Atualmente, estão em operação seis pontos de recebimento de embalagens na região, três centrais: Barreiras – considerada a maior do país em volume processado, Roda Velha e Rosário – considerada a terceira maior do nordeste do país, além de outros três postos de recolhimento: Panambi, Coaceral e Campo Grande.
Expectativa – A retração no número de embalagens vazias deverá persistir neste segundo semestre, conforme explica Campos. “A tendência é que no segundo semestre a situação se agrave ainda mais em relação ao mesmo período do ano passado. Entretanto, nossa expectativa é que a economia melhore e que, os números voltem a se estabilizar já no primeiro semestre de 2017, ganhe fôlego nos meses seguintes e se normalize em 2018”, explica Adilson. Para 2016, a meta é receber mais de 3,1 mil toneladas de embalagens vazias em todo o território de atuação.
Investimentos – Uma nova unidade de recebimento de embalagens vazias no oeste baiano deverá entrar em operação no primeiro semestre de 2017, em Placas, município de Barreiras. A Central será a maior unidade do oeste da Bahia ampliando significativamente a capacidade de recebimento e operação do Sistema Campo Limpo na região.
Recebimento Itinerante – Além dos seis pontos de recebimento, ações de recebimento itinerante são promovidas em toda a região. A iniciativa consiste no recebimento temporário de embalagens vazias em locais próximos às propriedades rurais como forma de promover a devolução destes resíduos pós-consumo ao Sistema Campo Limpo. Somente no ano de 2015, mais de 10 toneladas de embalagens vazias foram retiradas do meio ambiente, beneficiando principalmente pequenos agricultores e pecuaristas do Vale do Rio Grande.
Texto e fotos: ASCOM Aciagri
Deixe um comentário