Desde que nasceu, há 80 anos, no povoado Taboa, em Baianópolis, a 817 quilômetros de Salvador, no Oeste baiano, a aposentada Roulina Dina de Souza é testemunha do sofrimento das comunidades que vivem ao longo da BA-430, rodovia que em vários dos seus trechos, não tem pavimentação e em 2015 passou para a jurisdição do Governo Federal. Recentemente, produtores do Oeste Baiano decidiram recuperar o trecho que interliga sede e zona rural de Baianópolis, beneficiando a localidade onde Dona Roulina reside, mas ela sabe que “se o Governo não fizer a parte dele, o sofrimento vai voltar”.
“Na época da chuva, as mulheres grávidas vão para Barreiras um mês antes da data prevista para o parto. Se ficarem aqui, não chegam na maternidade e a criança vai nascer em meio a buraqueira da estrada”, relata a aposentada.
O trecho onde se localiza o povoado de Dona Raulina é o mais crítico da rodovia. São 173 quilômetros ligando Baianópolis a Canápolis, grande parte sem ter nunca recebido asfalto, como é o caso dos 40 quilômetros recuperados pelos produtores. Mesmo assim, a estrada é uma importante via de escoamento da produção agrícola, ligando diversos municípios da região e única opção de deslocamento para dezenas de comunidades, porém, há 35 anos não recebia, sequer, obras de manutenção, até que os produtores tomaram a iniciativa de recuperar os seus principais trechos.
“Não é apenas por conta do escoamento da produção, mas, sobretudo, para atender às comunidades ao longo da rodovia. São pessoas que, como todos, pagam impostos, trabalham para gerar riqueza para o país e precisam ser vistas”, ressalta o presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Júlio Busato, que em parceria com a Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) e prefeituras da região, já recuperaram 1.300 quilômetros de estradas. Agora, segundo ele, os produtores “vão reivindicar junto ao poder público, para que a rodovia, enfim, seja inteiramente pavimentada”.
Assim como Dona Roulina, o aposentado Eujácio Palmeiras, 66 anos, confirma que os moradores de Taboa tiveram que esperar por 35 anos “pelo poder público e foram os produtores que recuperaram a estrada”. O seu avô, Eujácio Silveira da Costa, trabalhou na abertura da estrada, “há uns 60 anos atrás”
“Os jovens que estudam o segundo grau, quando chove, perdem aula. Na época da chuva, o ônibus, quando não atola, chega a levar mais de duas horas para percorrer os 40 quilômetros até Baianópolis”, ressaltou.
Morador no Distrito de Cascudeira, o agricultor Romeu César Carvalho, 41 anos, explica que “a vida dessas comunidades dependem da estrada”. Além dos ônibus escolares levando alunos para Baianópolis e Barreiras, as equipes dos postos de saúde só têm a BA-430 como via de deslocamento.
Ao contrário do trecho recuperado pelos produtores rurais, a rodovia, emgrande par tem ao logo dos seus 120 quilômetros quilômetros restantes da rodovia não oferecem qualquer condição de tráfego. Mesmo assim, há um trânsito intenso de ônibus (inclusive escolares), caminhões e máquinas agrícolas pela BA – 430. O presidente da Abapa explica que a solução definitiva é a pavimentação asfáltica e que nesse sentido, os produtores vão agora contatar com os governos do Estado e Federal.
“Vamos, na medida do possível, continuar fazendo a nossa parte. O problema é que a BA-430 não é a única estada em condições precárias na região e temos feito um grande esforço para a recuperação dessas vias. É preciso uma ação efetiva do poder público, pelo menos, nas estradas principais”. (Wcms Comunicação/Ascom Abapa, Aiba, SPRLem e SPRB)
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